22 de out. de 2009

Agora o trabalho é para valer!!!

Como havia dito, o Sub-Prefeito nos recebeu, a mim e a Dani, e tomou as providências que há 1 ano vínhamos pedindo. Este é o poder da imprensa utilizado para o bem!

Dali seguimos para um cais de onde saem barcos pequenos, como a voadeira que a gente pegou. Para quem não sabe, como eu mesma não sabia, voadeira é um barco pequeno a motor que tem o casco raso e por isso consegue chegar até a terra para aportar. Mas é um barco também super instável, justamente por ser pequeno. Fomos nele durante uns 15 a 20 minutos pelo Rio Amazonas. Água barrosa, turva, impossível ver a mais de 10 cm de profundidade. Fiquei me perguntando se a água era daquele jeito mesmo ou se o rio já estava sujo. Bem, não perguntei a ninguém, mas no final deduzi que seria um pouco de cada. Água barrenta e rio sujo. Vi uma latinha de cerveja boiando, passando pelo nosso barco.

No caminho fui sentindo o vento, que naquele calor de quase 42 graus era a salvação, e apreciando a vista. Muito bonita, por sinal! O Brasil realmente tem muitas belezas que poucos conhecem. Lá há mais estrageiros do que brasileiros a passeio. Quem é de fora acaba se interessando mais por conhecer a Amazônia do que nosso próprio povo. E eu me incluo nessa! Se não fosse uma viagem a trabalho, acho que nunca teria ido até lá. Até porque a passagem é caríssima! Em torno de 1.200 reais só de ida!!!

Bem, a paisagem... Linda! Estávamos em época de seca do rio, o que acontece a cada 6 meses. Metade do ano é cheia na Amazônia e metado do ano, seca. A paisagem muda bruscamente, de acordo com o volume de água que cai do céu! Acho que estávamos no auge da seca! O rio chega a descer 5 a 6 metros do seu nível! É incrível! Se não fosse pelas marcas que a água deixa nas ribanceiras das margens e nas casas de palafitas que avistamos pelo caminho, eu não acreditaria que o rio sobe tanto!

É incrível ver o que para nós seria uma vida completamente insalubre, para eles é a vida, simplesmente! Não há muitas críticas, apenas convívio. O povo se sente completamente abençado por morar naquele lugar. Acho que eles, mais do que nós, sabem o valor daquela terra... Amazônia!

Bem, segui de voadeira até aportar na Vila Amazônia. Assim como uma exploradora, minha função é não só conhecer o local, mas sua história e sua população. E assim, eu e Dani fomos explorando a papo... Vila Amazônia foi descoberta por um casal de japoneses, não lembro bem o nome, mas foram seus primeiros moradores. Construíram um casarão lindo à beira do Rio Amazonas, com uma bela vista... E que casarão! Fui até lá, entrei. Hoje está completamente destruído. A imagem da Santa Ceia em azulejos originais portugueses da década de 30/40 está completamente destruída! É uma pena que haja sempre alguns para destruir a história do nosso pais...

O casarão é lindo! E, como a Dani é historiadora, gastamos um bom tempo ali... olhando, contemplando a beleza e o estrago, perguntando... Tempo muito bem gasto. Descobrimos um pouco da história do lugar e da população. No ano passado, ano do Japão no Brasil, o Cônsul Japonês no Brasil esteve lá, naquele pedacinho remoto de terra, para uma cerimônia. Inaugurou um portal e uma praça em homenagem aos japoneses que deram início ao vilarejo.

Foi lá também que fiquei sabendo que a Juta não é brasileira. Ela é asiática e foi introduzida no Brasil justamente naquele lugar, por aquele casal de japoneses que iniciou a Vila. Nada que uma aula viva de história! Fico feliz por contruir meu conhecimento e ampliar minha cultura assim... indo a lugares que outras pessoas do eixo Rio-São Paulo provavelmente passarão suas vidas sem conhecer. Adoro o que faço!

Conhecemos a Vila Amazônia, conhecemos algumas casas de chão de cimento e paredes de madeira, algumas escolas, igrejas... O sol a pino me deixava tonta e um pouco desnorteada em alguns momentos. Parada para uma água gelada e carambolas doces tiradas diretamente do pé! Ainda vi uma casa de taipas ou pau-a-pique, como alguns chamam, em uma situação muito, mas muito precária, cheia de crianças que provavelmente estavam com vermes, pela barriga inchada que exibiam... A vontade às vezes é de pegar todas as crianças com rostos sofridos como aquelas e tirar dali, mas tenho que recobrar meu comprimisso profissional. Não posso fazer isso!

Bem, por hora cumprimos nossa missão naquela Vila. E a voadeira nos esperava para o caminho de volta. Este foi contemplativo... eu apenas processava tudo o que tinha visto e vivido e pensativa olhava para aquele rio imenso, onde mal se via a outra margem, mesmo na época de seca... Foi quando vi botos!!! Vários!!! Pena que não eram o cor-de-rosa... Mas a beleza e a leveza do nado hipnotizam! Adorei!


Bjos a todos!
Kell Carneiro

Um comentário:

Inclusão Digital IPPP - Sandri Curso disse...

Tantas maravilhas... É de dar inveja! Ops!... Cadê as fotos?! Será que não vamos poder ver nem um tantinho do que você viu? Que pena...